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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Motivação: ‘’força, foco e fé’’ pode ajudar na pratica de exercícios?


Será que de fato a motivação exerce influência capaz de melhorar o desempenho e os resultados no treinamento? Veja o que estudos recentes tem mostrado a respeito!

A motivação é algo muito importante na vida dos seres humanos.
Mas o que sabemos sobre isso?
McClelland, um psicólogo fez estudos com trabalhadores e chegou à conclusão de existem 3 tipos de motivação:
1) Motivação de Realização: o desejo de se aperfeiçoar e fazer da melhor maneira possível uma atividade;
2) Motivação de Poder: o desejo de obter e exercer influência nos relacionamentos interpessoais;
3) Motivação de Afiliação: o desejo de se sentir integrado em um grupo, o desejo de pertença.
Mas será que podemos aplicar a motivação para área do treinamento físico?
Será que ela interfere no processo de desempenho na pratica?
Se puder resumir a motivação eu diria que ela tem relação foco, manter a concentração em determinada situação ou tarefa até que ela seja concluída com êxito. A motivação pode mudar como os sujeitos enxergam as tarefas e desafios físicos.
Cole el al (2013), explicam que a motivação psicológica interfere na percepção visual, pessoas percebem o ambiente menos cansativo quando possuem uma forte motivação que permite a busca por um objeto.
No estudo de Cole et al (2013), participantes com sede viram uma garrafinha de água mais próxima do que os participantes cuja sede tinha sido saciada. Entende que a presença de objetos desejados/necessários é psicologicamente mais motivadora. Esses estudos têm permitido o desenvolvimento de teorias emergentes para encorajar ou desencorajar alguma ação, concluindo que essa busca, por abjetos desejáveis, desencadeia uma motivação para realizar determinada atividade.
O simples fato de pensar no exercício já é capaz de gerar algum nível de ativação muscular, sem duvida ao realizar qualquer exercício com mais concentração é possível se realizar aquela repetição a mais ou notar pequenas melhorias na força ou resistência.
 Mas será que a simples reprodução mental do gesto motor seria capaz de gerar algum ganho de força?  
Alguns trabalhos vêm tentando responder esta questão.
Em recente metanálise Manochio et al, (2015) verificaram que isto é possível.  Mas não se anime muito, parece que a nossa frase ‘’força, foco e fé’’ tem efeitos limitados nos ganhos de força. Nos estudos usados no trabalho os indivíduos eram orientados a realizarem mentalmente o treinamento de determinados grupamentos musculares. Estes compareciam aos laboratórios e eram instruídos a contrair mentalmente, por determinado tempo, somente estes grupos propostos, e não uma sessão inteira de treinamento de força.




Os resultados mostraram que houveram pequenos ganhos de força.  Porém, após a metanálise, aplicação de estatística, não foram encontradas evidências de que a prática mental é eficaz no aumento da força em indivíduos saudáveis.  O que parece não influenciar diretamente nos treinamentos de nosso dia a dia.
Em estudo recente Counts et al (2016), verificaram o efeito do treinamento sem carga, comparado com o treinamento tradicional com 70% de intensidade. O grupo que utilizou exercícios com carga (70%), obviamente obteve melhores resultados quando comparado ao grupo que treinou sem carga e com esforço mental. No entanto, o que chamou atenção foi às melhorias na força e hipertrofia no grupo que realizou o treinamento sem carga e com força mental máxima na produção de força. Isso pode colocar em duvida as recomendações de percentuais de cargas para desenvolver a força e a hipertrofia.
A frase ‘’força, foco e fé’’ podem estar mais vinculada ao começo da pratica de exercícios e pode se tornar um ponto importante na aderência a uma vida mais ativa.
O trabalho de Cole et al (2013) mostrou que pessoas sedentárias, percebem a distância a ser percorrida em uma determinado exercício de forma superestimada. Os autores buscaram entender porque algumas pessoas enxergam o exercício físico de uma forma mais difícil, e isso poderia explicar em partes a aderência reduzida em programas de exercício físico. Assim, com o desenvolvimento da motivação, os indivíduos poriam ser capazes de persistir em determinada atividade por mais tempo, mesmo parecendo ser mais difícil.
Prof. João Paulo Manochio
Mestrando em Saúde Mental/Psiquiatria – IPUB/UFRJ
Referências:From Mind to Body: Is Mental Practice Effective on Strength Gains? A Meta-Analysis. Manochio JP, Lattari E, Portugal EM, Monteiro-Junior RS, Paes F, Budde H, de Tarso Veras Farinatti P, Arias-Carrión O, Wegner M, Carta MG, Mura G, Ferreira Rocha NB, Almada LF, Nardi AE, Yuan TF, Machado S. CNS Neurol Disord Drug Targets. 2015;14(9):1145-51.
The acute and chronic effects of “NO LOAD” resistance training. Counts BR, Buckner SL, Dankel SJ, Jessee MB, Mattocks KT, Mouser JG, Laurentino GC, Loenneke JP. Physiol Behav. 2016 Jun 18;164(Pt A):345-352.
Affective signals of threat increase perceived proximity. Cole S1, Balcetis E, Dunning D. Psychol Sci. 2013 Jan 1;24(1):34-40. doi: 10.1177/0956797612446953. Epub 2012 Nov 15.

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